terça-feira, 19 de maio de 2009

NO BANCO DA PRAÇA


No banco da praça
Caroline de Cássia Secchi 2]

Ontem era pra ser apenas mais um final d’aqueles dias,
quando sentei no banco da praça
pra esperar o busão como a maioria.
Mas, enquanto o ônibus não passa,
ao meu redor vi coisas que não gostaria;
Racismo pra mim era tema de ficção,
naqueles minutos ali parada,
percebi que fora da televisão o negro ainda é discriminado.
O primeiro não tinha mais que vinte cinco,
ao se aproximar das pessoas, na parada,
elas reagiram por instinto,
se esquivarem de quem não faria nada.
E como se não bastasse, antes do meu ônibus passar,
apareceu aquela senhora negra, de aparência cansada,
vi as pessoas mudarem o olhar,
vi a mulher se sentindo rejeitada.
Foi assim que começou minha reflexão...
O racismo também é silencioso,
o preconceito é, de certo modo, escravidão,
e quando agride a alma deve ser muito doloroso.
Os negros quando chegaram aqui,
contribuíram para o Brasil crescer deste jeito,
e a nossa maneira de retribuir,
foi negar-lhes os mesmos direitos.
Caí na realidade,
em poucos minutos sentada no banco.
O racismo vive na sociedade,
por isso, os “Jacksons” desejam ser brancos.
Direitos são direitos, são pra todos os humanos,
e muito mais os negros têm que reivindicar.
Amanhã, mais nos falamos,
que meu ônibus chegou, vou pegar...


[1] Crônica apresentada ao Instituto Superior de Filosofia Berthier, tendo em vista o projeto crônicas filosóficas.
[2] Acadêmica do primeiro ano do primeiro semestre do Curso de Bacharelado em Filosofia do Instituto Superior de Filosofia Berthier – IFIBE.

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