Pesquisas apontam que mais de 85% dos brasileiros afirmam existir racismo no Brasil. No entanto, menos de 5% destes se consideram racistas. Se não somos racistas como existe racismo no Brasil? Se vivemos num país onde as pessoas não são discriminadas pela sua raça ou cor da pele, por que a existência da lei CAÓ, sistema de cotas e programas de ações afirmativas? Sabemos que metade da população brasileira é formada por negros ou afro-descendentes. Mas, por que não estamos em mesma proporção em todos os setores sociais e continuamos a ser a maioria nas classes marginalizadas? Será que esta é uma opção dos negros ou são atos de racismo? Infelizmente nós negros não sofremos apenas atos de racismo ostensivo; aqueles são praticados por atos intencionais, explícitos, demonstrados e agressivos. Nós, também, sofremos o racismo estrutural que não é visível, que ninguém sabe explicar e que é de fundo “cultural”. É aquele que já está naturalizado no imaginário coletivo, aquele que está na origem do fato de não termos Ministros, Chefes de Estados, Reitores negros. No Brasil as posições de mando e o poder são quase que exclusivamente dos que tem pele branca e relacionam naturalmente riqueza e prestígio ao branco. Com que armas vamos lutar contra esse inimigo? E, até quando? Vejo que o racismo no Brasil só será superando quando for visto como um problema social e não apenas de um grupo étnico, quando for discutido por quem comete o racismo e por quem é vitima dele. Talvez assim a desigualdade social no Brasil deixe de ter raça e cor.
Daniele Roberta Paz.
Acadêmica do III semestre do curso de Bacharel em Filosofia - IFIBE.
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