terça-feira, 20 de outubro de 2009

Projeto: Crônicas Filosóficas

Uma Pergunta Batida [1]
Caroline de Cássia Secchi [2]

Que atire a primeira pedra, quem nunca
parou uns minutos para pensar e acabou “viajando”?
Eu já! E uma vez foi até cômico.
Ri sozinha e as amigas acharam que eu estava “loqueando”.
Não era para menos, mas a culpa não foi minha,
eu simplesmente dei asas à imaginação.
A “culpa”, na verdade, foi do darwinismo
e da tão conhecida Teoria da Evolução.
Segundo Darwin, evoluímos do macaco.
Tem até desenho que muito bem retrata:
de um natu macaquinho a um humano civilizado.
Mas a graça disso tudo é que me imaginei macaca.
Vi-me no corpo de um mico de zôo,
depois, com a cara dos mais irrisórios primatas.
É eu sei, naquele tempo não tinha zôo,
era só macacada livre nas matas.
De onde nos originamos e onde vamos parar?
É uma pergunta mais que batida.
Dizer que descendemos dos primatas, pode ser,
mas não deixa a pergunta respondida.
Tanto faz se viemos do macaco, micróbio, bactéria...
A origem do primeiro ser é fato duvidoso.
A ciência ainda não soube responder
a incógnita do “primeiro ovo”.
Uma voz inquieta dentro de mim responde:
é transcendente e não prova, mas te ensino a escutar.
Somos parte de uma criação perfeita.
É no silêncio da contemplação que o Criador vai se revelar.

[1] Crônica apresentada ao Instituto Superior de Filosofia Berthier, para o Projeto: Crônicas Filosóficas.
[2] Acadêmico do II nível do Curso de Bacharelado em Filosofia do Instituto Superior de Filosofia Berthier – IFIBE.

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Seleção Natural? [1]

Tiago André Guimarães [2]

O processo da evolução elaborado por Charles Darwin fundamentou-se na teoria da seleção natural. Consequentemente esta teoria radicalizou a maneira de observação do passado.
O efeito da seleção leva a analisar, de forma ilustrada, a busca da sobrevivência das espécies. Por mais fascinante que se apresente, a lei do mais apto mostra o processo que a natureza utiliza para selecionar a variedade de espécies no ecossistema, onde apenas aquele que mais se adaptou tem a condição de viver.
Os cientistas conseguiram elementos que caracterizam este comportamento, construindo traços para adaptação das espécies em novos ambientes, favorecendo a sobrevivência nas novas circunstâncias.
Nesta forma de embarcação está claramente expressa a rapidez e as relativas previsibilidades das mutações. Essas descobertas indicam que as espécies continuam a se adaptar.
Mesmo que o surgimento e o crescimento dos descendentes tenham sequência genéticae que a ameaça de que apenas a mais forte viva, espero que o ser humano não determine quem é o mais forte.
Descobertas deste tipo, como a de Darwin, abriram as portas para a diversidade, produzindo maior clareza sobre quem somos e de onde viemos.

[1] Crônica apresentada ao Instituto Superior de Filosofia Berthier, para o Projeto: Crônicas Filosóficas.
[2] Acadêmico do IV nível do Curso de Bacharelado em Filosofia do Instituto Superior de Filosofia Berthier – IFIBE.

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Quem sobrevive? [1]

Marciano Pereira[2]

Ao celebrarmos duzentos anos do nascimento de Darwin e cento e cinquenta anos da sua teoria da evolução das espécies, que afirma a sobrevivência do mais forte na natureza, convém nos perguntarmos sobre a atual importância sociológica desta posição. Embora essa não fosse à intenção darwiniana, dá o que falar em nossa sociedade pós-moderna, quase sem sentido.
A obra “Origem das Espécies” tem pouco sobre a origem, mas muito sobre sociologia, uma vez que a sobrevivência do homem e da mulher depende do bom êxito econômico e do statu quo. Desgraçadamente, a força se confunde com o poder de posse e a fragilidade, na boca dos poderosos, se justifica como vadiagem dos oprimidos.
Diferente da cadeia alimentar, onde o equilíbrio exige que os mais fracos sejam alimentados pelos mais fortes, as desigualdades sociais ferem a dignidade de uma maioria, inviabilizando a ética. Essa desigualdade não é necessária, é sim um dos nossos gritantes problemas.
Não por ironia do destino, porque este não existe, o ser humano, superior na cadeia alimentar, acaba o último, pois, mais cedo ou mais tarde, opressores e oprimidos morrem, apodrecem e acabam servidos pelo “ventre da terra” como alimento para as bactérias. Quem é o homem? Qual sua origem? “Ameba primordial” é uma definição interessante, mas deixa margem para as mais variadas interpretações.
Somos finitos, desejamos sentidos e temos certeza de que eles não se encontram na força da ganância dada pelo poder aquisitivo. As desigualdades devem causar perplexidade. Urge uma nova teoria que enfrente o que definimos como darwinismo social; urge uma realidade onde as desigualdades inexistam ou pelo menos se amenizem. Aprendamos com a criação. Ao ler sobre a origem, nos questionemos acerca do percurso: para onde caminha a humanidade? Onde nos levarão as gritantes desigualdades sociais? A resposta não deve se conformar com a sobrevivência do mais forte e nem com a afirmação de Hobbes: “o homem é lobo do próprio homem”.


[1] Crônica apresentada ao Instituto Superior de Filosofia Berthier, para o Projeto: Crônicas Filosóficas.
[2] Acadêmico do IV nível do Curso de Bacharelado em Filosofia do Instituto Superior de Filosofia Berthier – IFIBE.

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A Darwin o que é de Darwin! [1]

Sandro Adams [2]

Ao pronunciarmos “Darwin” temos a tendência de associação simultânea a um contexto-nome específico e a uma teoria que neste ano celebra seus 150 anos de publicação: A origem das espécies. Não devemos reduzi-lo somente a isso: seu conceito sofreu influência de outros postulados da época e, certamente, não carrega toda a verdade (mas é parte dela). Entretanto, as implicações de suas abordagens soam na sociedade de modo diverso, conciso e ofuscado muitas vezes. De que seres estamos falando? Qual universo? Que evolução?
Darwin dá um novo horizonte à compreensão antropológica: o homem é situado como integrante de um sistema complexo, cuja função complementa e é completada pelos outros, isto é, o humano não tem o universo estritamente criado para ser utilizado por ele mesmo. Está inserido no cosmos no qual ninguém é mais que o outro.
Mas, como poderiamos justificar a hierarquização socioeconômica atual pela categoria da evolução? Do mesmo modo que a mosca, o cachorro, as árvores, entre outros, todos estão enraizados na mesma teia de configuração existencial. Os seres são feitos e selecionados (por quem?) para coabitarem e os humanos devem primar pela coexistência dialógica. Assim, a evolução significa a capacidade de viver localizado em princípios de alteridade que implicam na sobrevivência, isto é, existe uma diversidade que deve ser preservada pelo homem. Seleção natural e competição destrutiva não são sinônimas.
Em suma, é possível combinar processos evolutivos com sínteses que aperfeiçoam a sociedade. A evolução dos seres humanos não coincide com a destruição de etnias, a comercialização e escravização de alguns, a (des)valorização dos direitos humanos, pelo sistema social erigido em princípios econômicos. Tampouco coincide com a destruição do meio ambiente, a poluição dos mares e rios e o uso da violência tecnológica para extinguir os animais. Implica sim numa relação simbiótica na qual se preserva o sentimento e a racionalidade como aspectos integrantes de uma mesma ordem que constitui o todo. A Darwin o que é de Darwin.

[1] Crônica apresentada ao Instituto Superior de Filosofia Berthier, para o Projeto: Crônicas Filosóficas.
[2] Acadêmico do IV nível do Curso de Bacharelado em Filosofia do Instituto Superior de Filosofia Berthier – IFIBE.

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