quinta-feira, 28 de maio de 2009

ÉTICA NO COTIDIANO

Michael de Oliveira*

Eu tenho um amigo que se chama Amansa, na verdade o nome real dele é Aurélio, seu apelido é Amansa. Este meu amigo, íntimo, diga-se de passagem, costuma me dizer que ética significa: o que é bom para o indivíduo e para a sociedade. Perfeito, até aqui a estória é muito bela, mas e quando isso é posto em nosso cotidiano torna-se tão belo assim?
Eu sou um ser ético. Sei disso até mesmo quando, eventualmente, saio dos eixos e me dou ao luxo de atravessar a rua quando vejo um pobre em dificuldades. Mas, eu sou ético.
Eu sou um ser ético, até mesmo àquela vez em que, por atravessar um sinal vermelho, fui seguido pelo guarda (que também é um ser ético), que me parou, solicitou a documentação do meu carro, que estava vencida, solicitou minha carteira de motorista, que deixei em casa, e me falou que iria aplicar a multa descontando alguns pontos na minha carteira e apreendendo o carro. Com minha ética, questionei-o se não poderia ter uma chance. Claro, eu estava no meu direito, ou melhor, “a tentada é livre”. Até ofereci um “suborninho” R$50,00, R$ 100,00. Como prêmio tive um dia maravilhoso atrás das grades. Mas eu sou ético!
Sou um ser ético até quando vou às festas (que minha esposa não leia isso). Volto tarde para casa por “ter feito hora extra no trabalho”. Mas como nada falta em casa, consigo prover tudo, é evidente que sou um cidadão ético.
Sou ético no meu trabalho, inclusive até mesmo quando funciona o caixa dois, sonegando uma quantia razoável de dinheiro, adulterando compras e notas fiscais. Mas pago meus funcionários em dia e continuo sendo um ser humano com ética.
Ética deriva do grego ethos (modo de ser, caráter), quer dizer “Casa da Alma”. Será que minha casa precisa de uma faxina? Creio que não, pelo fato de eu ter a ética aflorando em meus poros.
Claro, tudo o que foi dito aqui não são situações reais! Servem para refletirmos o quanto estamos sendo éticos para termos a possibilidade e a coragem de nos questionarmos a nós mesmos e a outras pessoas. Quem, alguma vez, já não cometeu um dos equívocos mencionados? A ética falta até para os éticos, quem dirá para os que não o são!
Enfim, antes de falarmos mal de atitudes que nos são apresentadas, devemos, primeiramente, nos questionar se temos moral suficiente para criticar tal situação ou se, de alguma forma, não estamos fazendo exatamente o mesmo, guardadas as proporções. Para sermos éticos devemos nos posicionar e agir eticamente e nos preocuparmos também com o que nos cerca, não somente com nosso umbigo como centro do mundo.
*Acadêmico do 1º semestre do Curso de Bacharelado em Filosofia do Instituto Superior de Filosofia Berthier (IFIBE).

Nenhum comentário: