Marciano Pereira [1]
Terça-feira, dia cinco de agosto, encaminho-me para a terapia, embora não me considere louco costumo freqüentar o Divã, lugar onde sondo meus sentimentos, resolvo minhas crises. Mas, para chegar ao consultório preciso passar pela Avenida Brasil num horário de congestionamento. Incomoda-me terrivelmente a falta de paciência ou de “humanidade” de alguns motoristas, ou dos automóveis - máquinas que parecem autônomas, cujas buzinas, super-potentes, gritam frases insensíveis do tipo: “saí da frente”, “filho da piii”, quando não imitam som de animais, como cavalos e burros, etc. As máquinas, bonitas, últimos modelos, ou já antigas e mais propensas a poluir o ar e nossos tímpanos, seguem em frente imponentes. Esse é um dos dramas das grandes cidades - poluição sonora – o que nos falta mesmo é calmaria, paz exterior e interior. Até quando vão imperar as buzinas gritando, rosnado e mugindo? Pior ainda, até quando irei para o divã e serei chamado de burro ou de cavalo por máquinas que me flagram atravessando lentamente a faixa de pedestres?
Quanto aos homens, são eles os construtores das máquinas, criadores das tecnologias, da fala, do rosnado e do mugido, em nome do progresso, a serviço da técnica. Pergunto-me incessantemente: são coisas estranhas estes homens ou simplesmente homens convertidos em coisa? Parece confundível, mas se distinguem, é pena, porém, que de qualquer forma grita a coisificação do homem, sucumbe a sua racionalidade. Há um desconcerto, pois o bom humor de alguns acarreta em angústia, cansaço psíquico de outros. O que importa é produzir, criar, inventar, para consumir, gastar, e bastante, pois as buzinas falantes e animalescas não são baratas.
E o meu divã? Continuo a caminho, preciso fazê-lo! Enquanto isso fico irritado com as máquinas, preocupado com os maquinistas: quem sabe um dia possa haver uma buzina diferente, que grite: paz e bem! Enfrente! Cuidado! Vai em paz! Fique bem! Ou que, finalmente, cante como na melodia do Pe. Fabio de Melo: “Amor é tudo o que a gente quer meu irmão, amor é o que a gente é”.
[1] Acadêmico do IV semestre do curso de bacharel em filosofia pela Instituto Superior de Filosofia Berthier – IFIBE e seminarista da Diocese Nossa Senhora da Oliveira de Vacaria.
Terça-feira, dia cinco de agosto, encaminho-me para a terapia, embora não me considere louco costumo freqüentar o Divã, lugar onde sondo meus sentimentos, resolvo minhas crises. Mas, para chegar ao consultório preciso passar pela Avenida Brasil num horário de congestionamento. Incomoda-me terrivelmente a falta de paciência ou de “humanidade” de alguns motoristas, ou dos automóveis - máquinas que parecem autônomas, cujas buzinas, super-potentes, gritam frases insensíveis do tipo: “saí da frente”, “filho da piii”, quando não imitam som de animais, como cavalos e burros, etc. As máquinas, bonitas, últimos modelos, ou já antigas e mais propensas a poluir o ar e nossos tímpanos, seguem em frente imponentes. Esse é um dos dramas das grandes cidades - poluição sonora – o que nos falta mesmo é calmaria, paz exterior e interior. Até quando vão imperar as buzinas gritando, rosnado e mugindo? Pior ainda, até quando irei para o divã e serei chamado de burro ou de cavalo por máquinas que me flagram atravessando lentamente a faixa de pedestres?
Quanto aos homens, são eles os construtores das máquinas, criadores das tecnologias, da fala, do rosnado e do mugido, em nome do progresso, a serviço da técnica. Pergunto-me incessantemente: são coisas estranhas estes homens ou simplesmente homens convertidos em coisa? Parece confundível, mas se distinguem, é pena, porém, que de qualquer forma grita a coisificação do homem, sucumbe a sua racionalidade. Há um desconcerto, pois o bom humor de alguns acarreta em angústia, cansaço psíquico de outros. O que importa é produzir, criar, inventar, para consumir, gastar, e bastante, pois as buzinas falantes e animalescas não são baratas.
E o meu divã? Continuo a caminho, preciso fazê-lo! Enquanto isso fico irritado com as máquinas, preocupado com os maquinistas: quem sabe um dia possa haver uma buzina diferente, que grite: paz e bem! Enfrente! Cuidado! Vai em paz! Fique bem! Ou que, finalmente, cante como na melodia do Pe. Fabio de Melo: “Amor é tudo o que a gente quer meu irmão, amor é o que a gente é”.
[1] Acadêmico do IV semestre do curso de bacharel em filosofia pela Instituto Superior de Filosofia Berthier – IFIBE e seminarista da Diocese Nossa Senhora da Oliveira de Vacaria.